quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As metamorfoses da Geografia.

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A geografia, como disciplina abrangente que é, possui um dos maiores campos de análise acadêmica que existem, observando mais aspectos do espaço do que qualquer outra disciplina do conhecimento.
A origem da denominação geografia, no entanto, provém de um cunho bem mais restrito. Do grego, geo significa Terra e graphein traz o sentido de descrição, nesse contexto através de representações gráficas. Portanto, a palavra geografia significa, na verdade, “Descrição da Terra”, e era essa a abrangência única da disciplina na antiga Grécia do geógrafo Ptolomeu. Essa descrição, na época, como o próprio nome já diz, era puramente gráfica, através de desenhos, ou mapas.
Podemos, portanto, aferir que a geografia surgiu com a abrangência daquilo que hoje é apenas uma de suas ramificações: a cartografia. Claro que hoje o “desenho descritivo” que o geógrafo faz do espaço geográfico não se constitui apenas da confecção de mapas ou cartas topográficas, mas de todos os ramos que constituem o pensamento geográfico. Dentro da Geografia Física: Geomorfologia, Geologia, Climatologia, Pedologia, entre outros; como fundamentos naturais da geografia. Na Geografia Humana, temos Agrária, Urbana, Econômica, Política e Cultural por exemplo, como constituintes dos fundamentos sociais, econômicos e políticos da geografia, além dos próprios campos epistemológicos do estudo geográfico. Todas essas áreas servem como ferramenta na investigação do geógrafo em um processo de interpretação do espaço geográfico, com as relações que o envolvem.
Esse espaço no qual o homem vive é resultado de todos esses processos, tanto naturais quanto humanos, fazendo parte do atual campo de análise da geografia, que apesar de possuir a mesma denominação desde o seu surgimento, é hoje muito mais do que um descrição gráfica da Terra, fazendo sim agora a representação do espaço em sua totalidade.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Sensoriamento Remoto na Geografia.

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Muitas pessoas interpretam o Sensoriamento Remoto como um dos ramos da cartografia. Essa análise não está totalmente errada, mas há nela um grande equívoco conceitual, pois, na verdade o Sensoriamento Remoto não é um ramo, mas uma importante ferramenta no campo da cartografia sistemática, que é aquela responsável pela confecção gráfica de mapas e cartas topográficas.
O Sensoriamento Remoto é, por definição, a obtenção de informações sobre determinado objeto, sem o contato físico direto com o mesmo. Na geografia serve, portanto, para monitorar ou medir os elementos da superfície terrestre, bem como as atividades humanas exercidas nela. Para tal, se utiliza de diversos equipamentos e sensores, que através de interações eletromagnéticas em forma de luz com os alvos da superfície, transmitem e processam informações visuais que auxiliam na interpretação do espaço geográfico. Os sensores, de maneira geral, são câmeras de diversos tipos, que captam as imagens da superfície terrestre.
A origem do Sensoriamento Remoto se confunde com a da própria fotografia, em 1839. Apenas um ano após o surgimento da primeira câmera fotográfica, já havia a recomendação de se usar a fotografia para levantamentos topográficos. Em 1858, na França, registrou-se pela primeira vez o uso de fotografias, com câmeras fixadas em balões, para tais fins, e em 1909, na Itália, ocorrem os primeiros registros fotográficos da superfície captados a partir de aviões. Curiosamente, até pombos já foram usados como suporte para câmeras fotográficas de Sensoriamento Remoto.
Hoje, como resultado do desenvolvimento aeroespacial do século XX, as imagens são captadas principalmente a partir de satélites artificiais que orbitam o planeta Terra. Essa tecnologia já está difundida e popularizada de tal forma que qualquer cidadão que possua acesso a internet pode visualizar essas imagens através do software Google Earth, que disponibiliza gratuitamente as imagens do Sensoriamento Remoto Orbital à grande massa.
A composição dessas imagens é feita através da uma tecnologia ótica chamada RGB (Red, Green, Blue), que compõe tonalidades das cores vermelho, verde e azul a partir de imagens capturadas em tons de cinza. As imagens captadas são resultado da reflexão de luz dos próprios alvos em superfícies, que possuem uma propriedade chamada refletância, que quantifica a luz refletida por esses alvos. Todos os elementos, naturais ou humanos, da superfície terrestre, são considerados alvos para o Sensoriamento Remoto. Em determinadas situações, dependendo da intencionalidade da análise, as imagens são mantidas em tons de cinza, portanto sem cores.
Na geografia, cabe ao profissional examinar as imagens obtidas, identificar os objetos e julgar sua significância para o estudo que está se realizando, de modo que o Sensoriamento Remoto passa a ser útil para a observação dos fenômenos geográficos, bem como a produção de mapas topográficos de uso do solo, vias de acesso, hidrográficos, geomorfológicos ou de divisão político-administrativa.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A posição de Israel na geopolítica internacional.

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Há três semanas escrevi sobre o Mar Morto e na ocasião prometi outras postagens sobre Israel. Hoje estou cumprindo a promessa com uma análise pessoal sobre a posição desse peculiar país na geopolítica mundial.
Israel possui aparências distintas de acordo com aquele que o vê. Pela visão ocidental é o aliado, visto com compaixão ou até certo sentimento de paternidade por aqueles que o criaram após as duas grandes guerras. Nos holofotes, tido como grande potência bélica e respeitado país no cenário geopolítico do Oriente Médio, mas no apagar das luzes temos um lar judeu, visto pelas grandes potências como objeto de caridade àquela antiga “nação sem estado”.
Fato é que seus vizinhos não compartilham de nenhuma dessas duas opiniões, classificando o país como objeto de exploração do ocidente, que estaria usando seus amigos judeus para conseguirem explorar econômico e etnicamente a região. Entendam por etnicamente a pura e simples vontade de aniquilação da cultura árabe. Claro, essa é a visão dos próprios árabes.
Até agora não citei os aspectos religiosos desse litígio, e não é por acaso. Dizem que nem sempre os últimos são os menos importantes, mas nesse caso é exatamente esse o motivo pelo qual a questão religiosa será citada apenas no final do texto.
Antes, para que possamos entender melhor essa paradoxal relação de Israel com o mundo exterior, façamos um quadro comparativo. Israel é um país único, com etnia e religião judaicas, tendo o ocidente como aliado e localizado em uma região de históricos e crescentes conflitos religiosos. Segundo a Torá, a antiga Canaã, hoje Israel, seria sua “terra prometida”, ou seja, a atual ocupação desse território decorre, segundo a própria visão deles, de um direito divino do povo hebreu.
Cercando Israel temos países de etnias árabes e persas, com religião predominantemente muçulmana e que muito antes da criação do Estado de Israel já ocupavam aquela região, como é o caso dos palestinos.
O fator religião então surge apenas como um agravante nos conflitos, pois o fanatismo de muitos grupos islâmicos radicais, palestinos ou de países vizinhos como Líbano e Jordânia, provocam os conhecidos ataques terroristas, que o enfraquecimento ou até extermínio do inimigo "ocidental".
Vê-se portanto um grande imbróglio regional, onde é muito difícil dar razão a qualquer um dos lados, pois cada um tem seus motivos e ideologias que devem ser compreendidos e respeitados.
Em qualquer livro de geografia é possível encontrar o histórico das disputas que envolvem o território do Estado de Israel, mas muitos autores se esquecem de citar as reais causas desses conflitos, de intolerância étnica e religiosa, mas principalmente territoriais. Numa visão humanista, pode-se dizer que ambos teriam direito a ocupação dessas terras, o que, aliás, tem sido considerado pela ONU nos últimos anos, em diversas tentativas de repartição do Estado de Israel. Mas, na realidade a comunidade internacional está muito longe de compreender a real situação desses povos e por isso não é a mais indicada para efetuar essa divisão de terras.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os Efeitos do El Niño no Brasil.

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Conceitualmente, o El Niño constitui-se do aquecimento anômalo das águas superficiais do setor centro-leste do Oceano Pacífico, predominantemente na sua faixa equatorial. O “El Niño” é um fenômeno oceânico-atmosférico que afeta o clima regional e global, mudando a circulação geral da atmosfera através do enfraquecimento dos ventos alíseos na região do Equador. O fenômeno também é caracterizado por variações sobre a região de águas aquecidas, impedindo nessa região a ascendência de águas frias, que trazem das profundezas sais-minerais que servem de alimento para os peixes da região. O El Niño ocorre em intervalos de aproximadamente quatro anos, persistente de seis a quinze meses.
Os efeitos do “El Niño” no Brasil podem causar prejuízos e benefícios, mas os danos causados são superiores aos benefícios, por isso, o fenômeno é temido principalmente pelos agricultores. Em cada episódio do “El Niño” é observado na região sul um grande aumento no volume de chuvas, principalmente nos meses de primavera, fim do outono e começo de inverno. Pode-se observar acréscimo de até 150% na precipitação em relação ao seu índice médio. Isso pode acarretar, nos meses em que acontece a colheita, prejuízos aos agricultores, principalmente, nos setores de produção grãos. As temperaturas também mudam nas regiões Sul e Sudeste, onde é observado inverno mais ameno. Este aumento de temperatura no inverno pode trazer benefícios aos agricultores, pois diminui significativamente a incidência de geadas. No setor leste da Amazônia e na região Nordeste ocorre uma diminuição nas chuvas. Em algumas áreas do Sertão (semi-árido) nordestino, essa diminuição pode alcançar até 80% do total médio do período chuvoso (que na maior parte da Região ocorre de fevereiro a maio). No Nordeste brasileiro, os prejuízos observados em anos de “El Niño” envolvem importantes setores da economia, com perdas na agricultura de sequeiro e na pecuária, além de afetar a oferta de energia elétrica e comprometendo o abastecimento de água para a sociedade e animais.