quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Estudo dos impactos ambientais gerados pela intervenção humana nos rios Tietê e Pinheiros ao longo dos anos.

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Ao longo de sua história, a humanidade tem se mostrado habilidosa na arte de criar, transformar e modificar. Modifica tudo de acordo com os seus interesses. Hoje, a necessidade de adaptação do homem ao mundo provoca uma inversão de valores entre os mesmos, provocada pela persistência (ou talvez teimosia) do homem em suas idéias de evolução e prosperidade. Ao invés de o ser se adaptar ao meio, como ocorre segundo Darwin, com qualquer outra espécie, o homem consegue sim ter a ousadia, ou petulância, de adaptar o meio a si mesmo, segundo suas necessidades. Isso, claro, gera conseqüências ao meio-ambiente que, não acostumado a tais idéias humanas, tem seu ecossistema prejudicado por tais intervenções.
A intenção do texto a seguir é atentar para uma dessas intervenções e mostrar quais as conseqüência práticas que ela tem gerado ao meio-ambiente ao longo da história e até hoje, projetando quem sabe possíveis impactos futuros que virão para agravar ainda mais a situação de degradação da região e dos que nela vivem.
No tocante a retificação dos rios Tietê e Pinheiros, podemos tirar diversas conclusões, pois a clareza com que os fatos podem ser analisados não poderia ser maior. Não só pelos diversos estudos a respeito da retificação, feitos por grandes estudiosos como Odette Seabra, mas também pelo fato das intervenções, e suas conseqüências ambientais, serem visíveis por todos aqueles que passam no local em questão.
Para fazer essa análise de maneira mais aprofundada, observaremos a produção social da cidade de São Paulo em fins do século XIX, com atenção ao crescimento de atividades humanas associadas ao complexo cafeeiro como gênese da problemática em questão, bem como a degradação das águas na Região Metropolitana de São Paulo a partir da década de 1950 e a apropriação da terra na região relacionada à concentração industrial, além de analisar o saneamento básico na região já em meados dos anos 90.


Impactos ambientais sobre os rios Tietê e Pinheiros.

A degradação das águas dos rios e seus afluentes está relacionada às atividades humanas que se intensificaram na região, principalmente após o final do século XIX. O final deste século, no Estado de São Paulo, foi marcado pelo crescimento do complexo cafeeiro. Impulsionados pelo café, desenvolveram-se bancos, estradas de ferro, eletricidade, comércio, indústria e diversos serviços urbanos. As atividades urbanas, neste contexto, eram não somente necessárias à reprodução da economia como também resultado das modificações na estrutura produtiva.
No município de São Paulo, a expansão da atividade cafeeira e de atividades a ela relacionadas – comércio, indústrias, serviços – promoveu modificações no uso do território, ou seja, resultou em alterações na formação do espaço. Se por um lado, houve alteração do uso do território resultando em crescimento econômico, por outro lado, houve transformações no território decorrentes das atividades desenvolvidas que resultaram em degradação da qualidade da água dos rios da cidade de São Paulo.
Conclui-se então que a urbanização de uma maneira geral é a principal responsável pelos impactos ambientais sobre os rios Tietê desde o final do século XIX.



Eis alguns exemplos:

-Em 1873, as ruas de São Paulo receberam os primeiros paralelepípedos, o que representou início da impermeabilização do solo que contribuiu para a modificação do fluxo das águas, gerando excessivo escoamento em direção aos rios metropolitanos.
-No final do século XIX inicia-se a criação de gado e suínos nas várzeas dos rios, o que representa o início da poluição direta de suas águas, gerando contaminação através de fezes e resíduos alimentícios dos animais.
-No início do século XX o rio Tietê começa a receber sistematicamente resíduos industriais e esgoto sem tratamento em suas águas. É uma poluição direta e constante.

A década de 1930 desponta com transformações no cenário econômico do país, geradas a partir da crise de 1929. Neste cenário, a indústria representou papel central, com diversificados ramos de atividade industrial e importância crescente do setor de bens de produção. A concentração da indústria no município de São Paulo e em municípios vizinhos promoveu, por um lado, o crescimento econômico pela produção industrial. Mas, por outro lado, os problemas de poluição que já eram observados no rio Tietê e em seus afluentes aumentaram com o lançamento de maior volume de esgotos industriais nestes rios, resultando em perda ainda maior de qualidade das águas. Esta situação foi agravada em 1955, quando ocorreu a interligação da rede de esgotos de São Paulo, trazendo os dejetos de toda a indústria paulista para o rio Tietê.
Entre os anos 1950 e 1960, associada à retificação dos rios Tietê e Pinheiros, há apropriação de terras das várzeas destes rios. A retificação do rio Pinheiros, concluída em resultou em aproximadamente 25 milhões de m2 de terras apropriadas da sua várzea e utilizadas para outros usos que não o de expansão das águas nas cheias. No caso dos rios Tietê e Pinheiros, a degradação está relacionada ao desmatamento, à eliminação da vegetação ciliar e à impermeabilização do solo e dos meandros dos rios que contribuem para o assoreamento dos mesmos e acirramento das inundações. Além disso, as alterações no ambiente decorrentes dos arruamentos e canalizações alteram o fluxo das águas, resultando em modificações no relevo. Concomitante ao processo de degradação, há a valorização das terras de várzeas e de suas imediações.
Já nos anos 80, nos loteamentos irregulares, favelas, cortiços e habitações precárias nota-se ausência de coleta de esgotos, o que causa problemas de saúde para a população residente nestes tipos de habitações. Para a degradação da água, a ausência de coleta de esgotos constitui uma forma de poluição direta dos córregos e rios. O que não significa que as habitações que têm coleta de esgotos não estejam contribuindo com a degradação das águas, já que o fato de os esgotos serem coletados não significa que sejam tratados. Essa situação é confirmada se analisarmos que, em 1987, verifica-se a localização de 49 % do total de favelas do município de São Paulo junto a córregos, com poluição direta dos mesmos e, em 1990 observa-se que 56 % da população do município de São Paulo em cortiços, favelas e habitações precárias sendo que esses locais não possuíam condições adequadas de saneamento.


A questão do saneamento e o projeto Tietê.

A década de 1990 trouxe alterações no enfoque dado à questão das águas na Região Metropolitana de São Paulo com repercussões diretas nas questões relacionadas a degradação das águas da região. Estas mudanças podem ser observadas na proposta e implementação do Programa de Despoluição do Rio Tietê – conhecido também como Projeto Tietê – anunciado pelo Governo do Estado de São Paulo como um projeto ambiental, em janeiro de 1992.
O Projeto Tietê foi apresentado como um conjunto de ações – tratamento de esgotos, recuperação dos recursos hídricos, disposição do lodo e combate à erosão no leito do rio – a serem implementadas no rio Tietê e em seu afluente Cabuçu de Cima, na Região Metropolitana de São Paulo, durante um período de quinze anos, com objetivo de despoluição do rio. O objetivo do Projeto Tietê mostra alterações que vêm sendo promovidas na forma de apresentação das questões das águas na região. Nesse caso, os problemas de poluição do rio Tietê passaram a ser considerados enquanto problemas ambientais, que exigem ações integradas para serem solucionados.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Emprego e Previdência no Brasil e no Mundo.

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Nos últimos anos, temos presenciado uma série de crises no Brasil e no mundo. Pelo menos 90% dessas crises ocorrem por razões econômicas que estão diretamente ligadas às sociais e políticas, agindo como precursoras dos fatores que geram os colapsos do sistema financeiro, sendo portanto o dinheiro, em sua forma pura, a grande engrenagem responsável pela funcionamento dessa “máquina capitalista”.
Essa busca incessante e, muitas vezes, impiedosa pelo capital mostra-se claramente evidenciada quando falamos em previdência social. O Brasil propõe uma reforma no sistema previdenciário afirmando que o sistema atual possui déficit e para os analistas econômicos do Governo, uma das razões do desequilíbrio orçamentário da União viria justamente da insuficiência das receitas da Previdência Social frente às despesas que ela precisa realizar. Nesse caso, o governo tem de arcar com as despesas excedentes para que todos possam ser beneficiados, logo as emendas que pretendem cobrir estes prejuízos tornarão a previdência mais rigorosa tanto para contribuinte quanto para beneficiários, apesar de o governo negar veementemente estas informações através de análises superficiais da reforma. A verdade sobre o caso é a seguinte: não há déficit na Seguridade Social. O raciocínio dos economistas do governo e o discurso político dos ministros e parlamentares envolvidos no assunto partem de uma premissa equivocada. Eles ignoram a existência de um orçamento específico para a Seguridade Social previsto na Constituição Federal. Nossa Carta Magna prevê um orçamento distinto para tal finalidade porque o Regime de Seguridade adotado pelo Brasil é contributivo, isto é, com contribuições específicas que não devem se misturar aos demais tributos. O orçamento da Seguridade Social segue o princípio da não vinculação entre fontes e despesas específicas. Todas as receitas da Seguridade devem cobrir o conjunto de suas despesas.
Concluímos então que o governo pretende “maquiar” a verdade dos fatos para, mais uma vez, se beneficiar financeiramente às custas do dinheiro público.
Toda política de previdência é baseada no emprego, e este também se caracteriza pela constante busca por capital. A situação do emprego no mundo e principalmente no Brasil é grave e provocada, na maioria das vezes, pela falta dele. Nos EUA o desemprego vem crescendo a cada dia e, segundo um senador americano, a classe mais culpada por tudo isso é a dos imigrantes latinos e ilegais no país que, segundo ele, ainda são responsáveis pelo aumento da criminalidade no país. Diante desses fatos o Presidente Bush propunha uma lei que dava anistia para quem está no país e cotas para quem pretende ter o visto de trabalho lá. Esta seria uma medida contra o desemprego, levada em conta também pelo presidente Obama, mas que ainda não saiu do papel. Fato é que hoje, na realidade, o crescente desemprego nos EUA se deve muito mais à crise econômica que atinge o país desde o ano passado, por isso a questão da imigração foi deixada de lado pelas discussões políticas norte-americanas nos últimos meses.
A França também propõe sua medida, na chamada Lei do primeiro emprego, que oferece condições mais favoráveis para o ingresso dos jovens no mercado de trabalho. Atualmente, a taxa de desemprego na França chega a 9,6%, mas mesmo assim a medida gera protesto, pois o sistema de trabalho francês é confortável, com salário mínimo em torno de US$ 1.400, jornada semanal de 35 horas e férias de até seis semanas. Os franceses, mal acostumados, querem continuar com essas regalias as quais não constam na lei.
Dados como esses assustam, pois mostram que a situação está cada vez mais grave e, em meio a isso, existem pessoas querendo levar vantagem, ao passo que outras vêm sendo prejudicadas pela sistematização do capital. Fato é que todos têm algo em comum: são reféns de um sistema que quer sempre mais, passando por cima de quem for para chegar aos seus objetivos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Por que o céu é azul?

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Há algum tempo, conversando com a minha tia, me deparei com uma pergunta interessante e muito comum de ser feita, principalmente entre as crianças: Por que o céu é azul? Perguntou-me a titia. Certamente, todos nós já fizemos essa pergunta alguma vez em nossas vidas.
Felizmente, eu soube responder prontamente, pois o fato foi objeto de meus estudos nos campos da Climatologia e do Sensoriamento Remoto. (vide postagem de 18 de setembro)
Sem mais delongas, passemos à explicação científica do fato. Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que o principal responsável pelos fenômenos físicos que geram a coloração azul do céu é o Sol, fornecedor fundamental de energia para o planeta Terra, na interação de seus raios com a atmosfera. Os raios solares não são os responsáveis apenas pela coloração azul do céu, mas também por qualquer outra cor ou tonalidade que possamos avistar na atmosfera e superfície terrestres.
Os raios solares são brancos, ou seja, possuem neles todas as cores existentes no espectro visível de ondas eletromagnéticas. Cada cor possui um determinado comprimento de onda dentro desse espectro, sendo que a cor azul, objeto de nossa investigação, possui o menor comprimento de onda dentre as cores. Quando os raios solares incidem na atmosfera terrestre, sofrem um fenômeno físico chamado espalhamento, definido como a dispersão da trajetória de raios luminosos, pelo contato com partículas sólidas ou gases. As partes mais altas da atmosfera possuem partículas muito pequenas, que espalham apenas os menores comprimentos de onda do espectro visível, ou seja, os da luz azul. Por esse motivo vemos o céu com a coloração azul.
Se observarmos, por exemplo, o horizonte quando o Sol estiver se pondo, veremos que ele não está azul, mas sim esbranquiçado. Isso ocorre porque nas partes mais baixas da atmosfera existem partículas maiores, espalhando assim todas as outras cores, que possuem maiores comprimentos de onda. O esbranquiçado é, portanto, resultado dessa fusão de cores.
Sendo assim, não podemos acreditar mais nas teorias miraculosas que alguns criam para explicar a coloração do céu. Numa explicação simplista para o grande público, não é menos correto afirmar que o azul do céu é resultado da interação de raios solares com a atmosfera terrestre. Resposta que omite detalhes técnicos, porém verdadeira.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Do feudalismo ao capitalismo.

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A transição do feudalismo ao capitalismo ocorre de maneira levemente distinta de país para país, mas alguns fatores são cruciais e preparam tal fenômeno. Esse estudo histórico nos levará a importantes conclusões sobre a gênese do capitalismo, precursor das relações humanas do mundo moderno e contemporâneo.
Elementos contrários a propriedade limitada da terra e sobre as pessoas preparam a destruição do circuito que determina o modo de produção feudal. As trocas exteriores, a circulação monetária, a propriedade absoluta e o aumento de homens livres são fenômenos inerentes a esse processo. Mas, a passagem decisiva ocorre somente quando revoluções políticas sancionam juridicamente a estrutura e novas classes dominam o estado.
Não se pode falar em burguesia ou capitalismo quando não se trata da sociedade moderna, pois antes dos mesmos, os personagens do comércio nunca dominaram a produção social de sua época, assegurada pelos escravos em Roma e pela servidão dos camponeses na Idade Média.
Entre os séculos IV e X, o modo de produção feudal se implanta num contexto econômico totalmente rural. Somente a partir do século XI se generalizou o grande comércio, com o crescimento da produção destinada ao mercado e origem da oposição cidade-campo. Ocorre nesse contexto o crescimento das chamadas cidades livres, com habitantes participantes da organização coletiva do local. Esse cenário porém não modifica as relações da grande maioria da população, que continua sendo camponesa. No interior das cidades os nobres, mercadores e artesãos disputam o poder municipal.
Nos séculos XIV e XV o feudalismo mergulha realmente e sua crise, com o crescimento da burguesia que se enriquece, adquire terras feudais e vivem como os senhores, cercados de um luxo que é mais aparência do que realidade. No interior das comunidades, as lutas de classes se agravam. Com a conquista do Oriente pelos turcos, as cidades entram em decadência. Essa crise é a primeira etapa da formação do capitalismo, com o avanço das forças produtivas em meados dos séculos XV e XVI.
Ao longo da crise no feudalismo, ocorre um incrível avanço das forças produtivas, com um tempo de invenções como nunca se viu na história. Foram inventados ou aprimorados nessa época o forno para a produção de metal, a imprensa, entre outros. Pela primeira vez as técnicas industriais ultrapassam, em número, as agrícolas, com crescimento das indústrias e do comércio gerando portanto o êxodo rural. Desenvolvem-se também as navegações e o comércio internacional de produtos exóticos. Constituem-se assim grandes estados, em uma nova era para o capital mercantil, afetando todo o sistema produtivo europeu.
Segundo Marx, a origem do capital burguês, necessário para o início de uma produção, se dá através da acumulação primitiva de capital, que ocorre graças às crises, desequilíbrios e violências que marcam o fim do regime feudal. Essa acumulação decorre da expropriação agrária e proletarização das massas rurais, além dos saques e exploração colonial. Expropriação-proletarização caracterizam a acumulação primitiva no estado puro, quando através da violência legalizada, há a separação entre o produtor e seus meios de produção. Já os saques e a exploração colonial se dão por meio da colonização européia em escala mundial. Os colonizadores sacavam os índios e povos das colônias. Além disso a extração de ouro e prata gera uma alta incrível nos preços dos produtos europeus na chamada “revolução dos preços”, evoluindo rapidamente para um mercado mundial com tendência a um igualdade de preços. No início, com a acumulação primitiva, ocorrem alta nos preços, grandes empréstimos e aumento de impostos, mas com o tempo há uma tendência a uma queda nas taxas de juros e consequentemente nos lucros. É nesse cenário que o sistema torna-se universal, chegando aos poderosos homens de dinheiro, que vêem a necessidade de tomar o controle da produção.
Nos séculos XVII e XVIII, ocorrem as etapas finais dessa transformação. O artesanato corporativo dá lugar às manufaturas, que absorvem o excesso de mão de obra no campo e representam assim a separação entre o produtor e o meio de produção pela primeira vez na história, organiza a divisão do trabalho e aumenta a produção do trabalho individual. Os estados passam a agir e cobrar impostos em favor das manufaturas, priorizando a elite industrial, bem como os próprios estados numa busca incessante pelo lucro, além disso cria medidas protecionistas através dos atos de navegação beneficiando a acumulação primitiva necessária para essas classes. Por fim, no século XVIII, ocorre a definitiva consolidação do capitalismo. A manufatura dá lugar a maquinofatura, que aumenta a produtividade do trabalho humano e economiza tempo, com mecanismos cada vez mais baratos, usa-se a metalurgia, a máquina a vapor, o trabalho humano é incessantemente explorado e as condições de trabalho precárias com um salário mínimo de subsistência. Ocorre portanto, com a revolução industrial, não só a consolidação do sistema econômico capitalista, mas também a de um regime social, de direitos, instituições e formas de pensamento característicos. Esse novo regime social gera a luta entre as novas e antigas classes, que fazem parte do sistema em decadência. Vencida essa luta, o novo sistema torna-se soberano e, através da revolução -nesse caso burguesa-, se estabelece definitivamente.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As metamorfoses da Geografia.

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A geografia, como disciplina abrangente que é, possui um dos maiores campos de análise acadêmica que existem, observando mais aspectos do espaço do que qualquer outra disciplina do conhecimento.
A origem da denominação geografia, no entanto, provém de um cunho bem mais restrito. Do grego, geo significa Terra e graphein traz o sentido de descrição, nesse contexto através de representações gráficas. Portanto, a palavra geografia significa, na verdade, “Descrição da Terra”, e era essa a abrangência única da disciplina na antiga Grécia do geógrafo Ptolomeu. Essa descrição, na época, como o próprio nome já diz, era puramente gráfica, através de desenhos, ou mapas.
Podemos, portanto, aferir que a geografia surgiu com a abrangência daquilo que hoje é apenas uma de suas ramificações: a cartografia. Claro que hoje o “desenho descritivo” que o geógrafo faz do espaço geográfico não se constitui apenas da confecção de mapas ou cartas topográficas, mas de todos os ramos que constituem o pensamento geográfico. Dentro da Geografia Física: Geomorfologia, Geologia, Climatologia, Pedologia, entre outros; como fundamentos naturais da geografia. Na Geografia Humana, temos Agrária, Urbana, Econômica, Política e Cultural por exemplo, como constituintes dos fundamentos sociais, econômicos e políticos da geografia, além dos próprios campos epistemológicos do estudo geográfico. Todas essas áreas servem como ferramenta na investigação do geógrafo em um processo de interpretação do espaço geográfico, com as relações que o envolvem.
Esse espaço no qual o homem vive é resultado de todos esses processos, tanto naturais quanto humanos, fazendo parte do atual campo de análise da geografia, que apesar de possuir a mesma denominação desde o seu surgimento, é hoje muito mais do que um descrição gráfica da Terra, fazendo sim agora a representação do espaço em sua totalidade.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Sensoriamento Remoto na Geografia.

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Muitas pessoas interpretam o Sensoriamento Remoto como um dos ramos da cartografia. Essa análise não está totalmente errada, mas há nela um grande equívoco conceitual, pois, na verdade o Sensoriamento Remoto não é um ramo, mas uma importante ferramenta no campo da cartografia sistemática, que é aquela responsável pela confecção gráfica de mapas e cartas topográficas.
O Sensoriamento Remoto é, por definição, a obtenção de informações sobre determinado objeto, sem o contato físico direto com o mesmo. Na geografia serve, portanto, para monitorar ou medir os elementos da superfície terrestre, bem como as atividades humanas exercidas nela. Para tal, se utiliza de diversos equipamentos e sensores, que através de interações eletromagnéticas em forma de luz com os alvos da superfície, transmitem e processam informações visuais que auxiliam na interpretação do espaço geográfico. Os sensores, de maneira geral, são câmeras de diversos tipos, que captam as imagens da superfície terrestre.
A origem do Sensoriamento Remoto se confunde com a da própria fotografia, em 1839. Apenas um ano após o surgimento da primeira câmera fotográfica, já havia a recomendação de se usar a fotografia para levantamentos topográficos. Em 1858, na França, registrou-se pela primeira vez o uso de fotografias, com câmeras fixadas em balões, para tais fins, e em 1909, na Itália, ocorrem os primeiros registros fotográficos da superfície captados a partir de aviões. Curiosamente, até pombos já foram usados como suporte para câmeras fotográficas de Sensoriamento Remoto.
Hoje, como resultado do desenvolvimento aeroespacial do século XX, as imagens são captadas principalmente a partir de satélites artificiais que orbitam o planeta Terra. Essa tecnologia já está difundida e popularizada de tal forma que qualquer cidadão que possua acesso a internet pode visualizar essas imagens através do software Google Earth, que disponibiliza gratuitamente as imagens do Sensoriamento Remoto Orbital à grande massa.
A composição dessas imagens é feita através da uma tecnologia ótica chamada RGB (Red, Green, Blue), que compõe tonalidades das cores vermelho, verde e azul a partir de imagens capturadas em tons de cinza. As imagens captadas são resultado da reflexão de luz dos próprios alvos em superfícies, que possuem uma propriedade chamada refletância, que quantifica a luz refletida por esses alvos. Todos os elementos, naturais ou humanos, da superfície terrestre, são considerados alvos para o Sensoriamento Remoto. Em determinadas situações, dependendo da intencionalidade da análise, as imagens são mantidas em tons de cinza, portanto sem cores.
Na geografia, cabe ao profissional examinar as imagens obtidas, identificar os objetos e julgar sua significância para o estudo que está se realizando, de modo que o Sensoriamento Remoto passa a ser útil para a observação dos fenômenos geográficos, bem como a produção de mapas topográficos de uso do solo, vias de acesso, hidrográficos, geomorfológicos ou de divisão político-administrativa.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A posição de Israel na geopolítica internacional.

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Há três semanas escrevi sobre o Mar Morto e na ocasião prometi outras postagens sobre Israel. Hoje estou cumprindo a promessa com uma análise pessoal sobre a posição desse peculiar país na geopolítica mundial.
Israel possui aparências distintas de acordo com aquele que o vê. Pela visão ocidental é o aliado, visto com compaixão ou até certo sentimento de paternidade por aqueles que o criaram após as duas grandes guerras. Nos holofotes, tido como grande potência bélica e respeitado país no cenário geopolítico do Oriente Médio, mas no apagar das luzes temos um lar judeu, visto pelas grandes potências como objeto de caridade àquela antiga “nação sem estado”.
Fato é que seus vizinhos não compartilham de nenhuma dessas duas opiniões, classificando o país como objeto de exploração do ocidente, que estaria usando seus amigos judeus para conseguirem explorar econômico e etnicamente a região. Entendam por etnicamente a pura e simples vontade de aniquilação da cultura árabe. Claro, essa é a visão dos próprios árabes.
Até agora não citei os aspectos religiosos desse litígio, e não é por acaso. Dizem que nem sempre os últimos são os menos importantes, mas nesse caso é exatamente esse o motivo pelo qual a questão religiosa será citada apenas no final do texto.
Antes, para que possamos entender melhor essa paradoxal relação de Israel com o mundo exterior, façamos um quadro comparativo. Israel é um país único, com etnia e religião judaicas, tendo o ocidente como aliado e localizado em uma região de históricos e crescentes conflitos religiosos. Segundo a Torá, a antiga Canaã, hoje Israel, seria sua “terra prometida”, ou seja, a atual ocupação desse território decorre, segundo a própria visão deles, de um direito divino do povo hebreu.
Cercando Israel temos países de etnias árabes e persas, com religião predominantemente muçulmana e que muito antes da criação do Estado de Israel já ocupavam aquela região, como é o caso dos palestinos.
O fator religião então surge apenas como um agravante nos conflitos, pois o fanatismo de muitos grupos islâmicos radicais, palestinos ou de países vizinhos como Líbano e Jordânia, provocam os conhecidos ataques terroristas, que o enfraquecimento ou até extermínio do inimigo "ocidental".
Vê-se portanto um grande imbróglio regional, onde é muito difícil dar razão a qualquer um dos lados, pois cada um tem seus motivos e ideologias que devem ser compreendidos e respeitados.
Em qualquer livro de geografia é possível encontrar o histórico das disputas que envolvem o território do Estado de Israel, mas muitos autores se esquecem de citar as reais causas desses conflitos, de intolerância étnica e religiosa, mas principalmente territoriais. Numa visão humanista, pode-se dizer que ambos teriam direito a ocupação dessas terras, o que, aliás, tem sido considerado pela ONU nos últimos anos, em diversas tentativas de repartição do Estado de Israel. Mas, na realidade a comunidade internacional está muito longe de compreender a real situação desses povos e por isso não é a mais indicada para efetuar essa divisão de terras.